Trabalhe internamente a violência externa (Parte II)

A violência é um assunto discutido em todos os níveis sócio-econômico-cultural, seja no Brasil ou no exterior, sendo uma ameaça constante em nossas vidas. Por violência pode-se entender como sendo a força de que se faz uso contra a lei, ou ainda o constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigar a fazer ou a deixar de fazer um ato qualquer (coação). 

Nos últimos anos, o índice de violência tem aumentado consideravelmente. E muito tem-se feito para expressar o desagrado diante de tanta agressividade. As pessoas se unem protestando através de abaixo-assinados, passeatas, campanhas, etc, na tentativa de mobilizar as entidades governamentais à ajudar através de projetos que visem a segurança e proteção da população. Mas será que esta é a melhor forma de solucionar a questão? 

Podemos pensar sobre essas idéias através dos questionamentos de Elie Wiesel, “Mas, por onde eu devia começar?

O mundo é tão vasto, começarei com meu país, que é o que melhor conheço. Meu país, porém, é tão grande. Seria melhor começar com minha cidade. Mas minha cidade também é grande. Seria melhor eu começar com minha rua. Não, minha casa. Não, minha família. Não importa, começarei comigo mesmo.” Talvez um bom caminho seja o aprendizado da conscientização dos movimentos internos que impulsionam as pessoas a terem reações agressivas, sem controle, diante de diferentes situações de frustração no seu cotidiano. A intensificação desse sentimento e a não elaboração, resultam em violência descabida e descontrolada, bloqueando a capacidade seletiva e de discernimento diante de fatos que não necessitariam ter como resposta um comportamento agressivo de tamanha dimensão. 

A não aceitação das diversidades levam as pessoas a vivenciarem sentimentos de inveja, ira, competitividade, e outros. Isso ocorre, porque os indivíduos se sentem ameaçados perante sua realidade. Dessa maneira, estimula atitudes destrutivas tanto em relação a si, quanto à outros. 

Quanto maior a dificuldade do ser humano em lidar com as diferenças individuais, maior a hostilidade em relação a situação apresentada. Essa complexidade ocorre, porque cada pessoa possui uma forma própria de perceber o mundo e expressar seus sentimentos. Na sua singularidade, é importante que o indivíduo encontre uma maneira de compartilhar suas percepções, trocando suas experiências para enriquecer sua compreensão. Talvez o encontro da verdade seja a somatórias de pequenas partes, que vistas isoladas, podem a ser a realidade de cada um. 

Um dos fatores presente à essas diversidades está na comunicação que cada pessoa vai utilizar para se expressar, pois uma mesma frase pode ter sentidos diferenciados dependendo do contexto que se apresenta. Os meios de comunicação tentam, de alguma maneira, facilitar essa troca de informação. Embora, algumas vezes, divulgam a violência de forma “violenta”. Como uma campanha que dizia: “Hoje levaram sua carteira, amanhã levam a sua vida.” Essa idéia, aparentemente um alerta, infere a agressão e não a solução. Na medida que se diz que a carteira foi roubada, sendo um fato verdadeiro e incontestável, logo em seguida, afirma-se que a pessoa será assassinada. E esse amanhã, na verdade passa a ser hoje, pois o verbo correto seria “levarão”, no futuro. Isso tornaria essa morte distante que é inevitável, sem o presente apelo trágico. Na medida que fica implícito que a próxima ação será fatal não há escapatória, é um “beco sem saída”, banalizando a agressão e tornando-a comum. 

O poder da palavra é forte na comunicação, o que a torna uma educadora durante a transmissão da mensagem. Vale ressaltar que atualmente é na escola que se concentra toda a educação, pois a sociedade de um modo ou de outro delegou à escola o papel que a ela compete deixando a cargo desse sistema caótico, de estruturas cristalizadas a formação de seres humanos que tentam garantir a duras penas uma ascensão social. 

A educação exerce seu poder através da palavra e dela extrai sua força de convencimento e de submissão ao ouvinte. Segundo a psicanálise, a realidade do inconsciente ensina que a palavra escapa ao falante e este está fadado a perder-se e a revelar-se. A palavra com a qual deseja submeter o outro acaba submetendo-o à realidade do seu próprio desejo inconsciente. 

É importante que haja um equilíbrio físico e emocional para que as pessoas possam desenvolver, cada vez mais, sua capacidade de tolerância e de ponderação perante os fatos (sejam eles reais ou imaginários). Esse “freio” se faz necessário na contenção dos impulsos agressivos. 

Adriana de Araújo
Counselor and Executive Coach
Consultoria via Skype
www.desenvolvimentoexcelencia.com.br

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